Escrevo porque tenho direito, escrevo porque aguentar sempre dentro de mim não dá. Existem dias em que o coração se encontra num sufoco. Acho que por vezes a vida é demasiado injusta, mas ao mesmo tempo sei que em cada partida da vida existe uma lição. Perdemos quem amamos e quem nos ama perde, por não gostarmos deles da mesma maneira. Temos sempre a intuição de gostarmos do fruto proibido e logo que damos a “dentada venenosa” perdemos logo de seguida a habilidade de acreditarmos no amor num futuro próximo. Infelizmente não estou a divagar, e infelizmente o destino consegue atraiçoar muitos dos momentos que queríamos repetidamente, continuadamente.
É estranho uma pessoa lutar tanto para nos afeiçoar-mos a elas, fazem de tudo para estar connosco, existem as bonitas mensagens de “boa noite” de madrugada, as de que vão estar presentes nos abraços das noites de Sábado e as que demonstram tristeza por não poderem ir a nosso encontro. Dão-nos bons momentos de prazer, momentos de luxúria, momentos de felicidade, sorrisos contagiantes e uma enorme vontade de continuar.
Depois disso? Vem a outra face da moeda. Aquela que não queremos sentir, aquela que não imaginávamos que iriamos enfrentar e no fim sermos derrotados. A sensação de sermos ignorados, a sensação de já estarmos tão apegados que as pessoas deixam de dar valor, que não se importam e que acham que só um bocado de carinho nos chega e ainda repetem imensas vezes que é o suficiente para alimentar o nosso interior.
Mas não é bem assim, e neste momento estou a senti-lo em todo o meu corpo. Noites mal dormidas, rezas sentidas com lágrimas nos olhos, cansaço excessivo no trabalho e a tristeza infinita ao chegar a casa. É horrível.
Deixa-nos com muitas perguntas, dolorosas saudades, e mesmo assim não desistimos. Posso gritar, chorar e sufocar-me, dizer que não quero mais e não aguento. Mas temos sempre aquele sentido interior de coração mole que não nos faz desistir e queremos ver até onde queremos chegar.
Mas temo que a corda se estique e que seja mais machucada. E terei que sair da tua vida e tu não vais conta. E que tudo o que vivemos, eu guardarei com amor e carinho. Porque tu deste-me aquilo que não estava à espera. Soubeste cuidar do meu corpo e da minha alma e foi em ti que em todos os momentos tinha encontrado a paz e o carinho que precisava.

Mas agora é um pedaço grande de memória recente… que futuramente terei que guardar num baú e partir.