Só agora sinto a dor a escorrer-me por toda a alma. Traí-te de forma injusta, de forma pecadora. Estava virada para o Diabo, porque me rendi a mil desejos de outro homem que não a ti. Pequei de forma errada, achando que era natural. Natural olhar para ti e gostar de ti, mas que com o outro era terrivelmente bom cada noite passada na ardente e feroz das tentações pecadoras. Ainda assim, não me conseguia desfazer nem de ti nem dele.
No entanto, tu causavas-me transtorno, por me prenderes de tal maneira que achava incorrecto essa tua maneira de lidares comigo como namorada. Parecia-mos casados. Agarrados um ao outro, com proibições e julgamentos. Não podia mover-me para lado nenhum sem o teu consentimento, porque temias que eu fizesse algo de errado.
E olha que fiz.
Tomei a liberdade de contradizer todas as tuas ordens e acabei por causar um transtorno enorme na minha vida. Vi-me numa encruzilhada e decidi desmanchar-me dela, contando toda a verdade. 
Fiquei sem ele, fiquei sem ti. Mas a dor que me invade cá dentro além da culpa, é que percebi que me amavas tanto que deixei escapar o tal homem que poderia vir a casar, ter filhos. Porque na altura não amei os teus defeitos e impus regras em que na realidade eram errados.
Estou a pagar pelo meu maldito pecado e sem ti não me consigo virar. Fui uma idiota, idiota, idiota (...)
Tão idiota que todos os dias é-me uma batalha, uma batalha árdua. Tento esconder a mágoa e o arrependimento e sorrio, mas por dentro sei que nada do que trespasso para fora é real.
Nada posso fazer, para retrabalhar tudo o que estraguei. São demasiadas arestas e tu já não confias na minha inocência, mesmo que notes e me tenhas dito em palavras miudinhas, que mudei e que nunca pensaras que tal coisa iria acontecer.