Eu sei que vou ter saudades tuas quando partires pela porta em que ambos entrámos e vivemos momentos únicos em que éramos amantes apaixonados com um mundo em ambos isolado mas nunca sozinho. Adorava a maneira de como punhas o teu corpo junto ao meu e pegavas nas minhas mãos suaves e ardentes em desejo de tocar em ti. Sentia que o teu ar incontrolável enquanto tentavas desvendar o meu pensamento. Tiravas-me o sossego de um minuto ou dois, que fazia mais de uma mil e uma sensações. Ás vezes davas-me uma angústia enorme quando te ias embora pela tarde de Inverno enquanto eu ficava á tua espera só mais um dia. Passeaste tantas vezes o teu cheiro no meu corpo, e eu vagueei tanto na tua mente como tu na minha, mas ambos sem saber o porquê. Não foram por dias ou minutos, foram por meses enquanto eu rebelde apaixonada fui e sou e continuarei a ser. Deste-me a prova de como tornar tudo real sem sequer desistir, sem derramar uma lágrima pelo que já foi feito, mas sim orgulhar-me do resultado final. Grito o teu nome sem saber, o meu coração consegue controlar todos os meus gestos e tentativas de não me tornar infiel ao meu ser. Agora sei que te vais embora, com ou sem mim, sem qualquer regresso, mas não irei chorar nem sequer me despedir de ti, quem não me garante que amanha te irei ver a descer a avenida com um sorriso nos lábios e com esses teus cabelos lindos? Irei rever as imagens que não irão passar de uma mera imagem mas sim de milhares de gestos, e mesmo que doa eu sempre saberei que o teu lugar foi comigo, foi na sala, foi no jardim, foi na brisa do vento, foi por nós. Porque nada me vai surpreender porque eu convivi sempre com o medo, mas tu chamaste-me á razão deixaste-me adormecer no teu ombro, enquanto tentava render-me aos teus cabelos loiros a fazerem cócegas na minha testa. Quem me dera que muitos dos nossos momentos não fossem embora, mas na verdade não vão, continuaram comigo, contigo e naqueles lugares onde ambos partilhámos momentos infinitos. Sei que haverá sempre uma porta tua aberta para eu entrar, sei que haverá sempre os mesmos gestos porque a tua pessoa não muda, não muda por mais que os tempos passem. Sabes errar mas também sabes evitar de errar, e sabes utilizar palavras duras mas sensatas. E embora doa, eu levo-me a perguntar o porquê de não chorar. Ora ainda estás comigo não te vais embora agora.