Lá estavas tu. Sedutor como sempre foste, com aquela posição de rebeldia enquanto te enchias com um copo de vodka. Sabias que eu adorava vodka e ainda para mais amava-te a ti. Podia ser simplesmente tua amante, mas sabias como me mimar mais do que a ela. 

Mordi o lábio, não queria arriscar ir ter contigo com toda aquela gente a olhar para a tua beleza exterior. Sabiam lá eles que também tinhas beleza interior. Decidi parar de olhar para ti e dirigi-me até á pista de dança. Notava que toda a gente estava a dançar ao som de uma música que entre mim e a tua pessoa fazia mil e uma faíscas. Mas desta vez ia ser diferente. Ia dançar sozinha mas contigo no pensamento como sempre. "Tu no meu pensamento", podia ser o próximo nome de outro capitulo ao qual devia juntar a tantos outros relativamente sobre ti. 

Começei a dar passos simples, sem sequer me preocupar com quem estivesse a olhar. Supostamente queria dançar para ti, para te deixar enervado e com vontade de ir embora, mas espantei-me ao ver-te ir na minha direcção como se não estivesse mais ninguém a olhar. Pegaste na minha mão, e rodopiaste todo o meu corpo e de seguida fui contra a tua pessoa. Olhaste-me nos olhos e voltaste a rodopiar-me como se eu fosse uma bailarina coisa que supostamente nunca tivera jeito. Notei como sorrias diante de milhares de adolescentes, e decidi sorrir contigo. O que poderia correr mal ? Ela aparecer ? Adorava ver se sentias algum medo ou se simplesmente querias esquecê-la por alguns minutos e permanecer comigo. 

Ao ver-te ali dançar comigo com a nossa música, deixei-me guiar nos teus braços e no teu leve olhar que me embalava por breves segundos. Mordi o lábio novamente. Queria ser forte para poder dizer o que sentia naquele momento, mas como sempre sou uma fraca e deixo-me levar por ti. Serei eu só uma amante para ti meu mais que perfeito ? Tentei desconcentrar a alma da dança e parei de pensar naquilo. 

Fizemos tantos avanços, depois largaste a minha mão e fizeste uma parte da dança sozinho. Olhei para ti e mais uma vez mordi o lábio. Olhaste-me com um olhar tão sedutor que decidi correr até ao balcão. Bebi o resto da tua vodka e pensando para mim mesma, será que planeaste isto tudo assim tão perfeito para eu ficar com os dois proveitos ? Dirigi-me para o exterior do bar. 

Encostei-me á parede e deixei-me ali ficar até recuperar fôlego. O meu coração palpitava de uma maneira tão intensa que nem eu sabia o que era aquilo que estava a sentir. 

Vi a porta do bar a abrir-se para fora e decidi correr até um canto meio escuro. Vi-te a sair daquela porta a chamar pelo meu nome. Que vergonha saber que tu que tinhas outra irias correr atrás de mim. Deixei-me permanecer calada, para não perceberes que ainda estava diante dos teus olhos sem notares.

Olhei novamente para onde estavas e o espaço estava vazio. Sorri um sorriso de descontente mas ao mesmo tempo sabia que era o melhor. 

De repente senti uma mão a pegar-me na face e a beijar-me sem me deixar ver o seu rosto. Permaneci de olhos fechados, e senti o cheiro do perfume. Era ele. Apanhara-me de um jeito que nem eu sabia que ele era capaz. O meu coração voltou a disparar a mil á hora, e começei a tremer. Não devia ter aquele tremer de felicidade. Continuava a ser uma simples amante, nada mais. Decidi afastar-me novamente.

- Para onde vais ? - perguntou-me ele indo atrás de mim.

- Sou uma simples amante. Se for embora, sabes onde me encontras. E vais novamente ter planos fantásticos para me apanhar novamente. - decidi ser frontal.

- Pára, e escuta-me. Eu amo-te, e é contigo que quero estar nestas horas que ninguém imagina o quanto é importante. - disse-me enquanto me empurrou contra a parede. - Só em ti vejo vontade de te amar mais um pouco cada dia, e o desejo arduo de te ter comigo horas sem conta. Sendo assim, não me canso. Tenho-te a cada instante que o tempo considera o melhor. - continuou a falar enquanto me prendia os braços.

- Tu não podes ter sempre aquilo que queres. Alimentas demasiado o meu coração e sei que serei só uma amante. - Tentei desprender-me o mais rápido possivel.

- Tu és a pessoa por quem o meu interior chama sempre que vejo que na cama onde durmo, o outro lado da cama mesmo que seja ela, não é a ela que eu quero. Sempre que oiço o som de uma chamada, desejo que sejas tu a ligar-me. - continuou a declarar-se enquanto me beijava o pescoço.

Calei-me de repente e nada mais falei. Ele sabia como me encantar com aquelas palavras. Como sempre, deixei-me cair mais uma vez. Ele era o meu tudo e disso não podia negar, simplesmente tinha este novo medo a cair-me entre mãos. Era eu uma amante, mas que ele desejava mais que a própria pessoa com quem ele de dia andava de mãos dadas, mesmo sobre o meu olhar. 

- Será que algum dia isto vai mudar ? E vais ser só meu ? - perguntei-lhe enquanto tentava separá-lo do meu corpo.

- Eu já sou teu. - respondeu-me.

Limitei-me ao silêncio, e enquanto isso ele pegou em mim e começou a dançar comigo. O barulho da música ouvia-se até cá fora. Sorri, e nem sei como poderia sorrir. Ele enroscado ao meu corpo enquanto nos balançávamos ao sabor da música. E eu continuava a sorrir com ele. Ele era o meu único amor perfeito. Mas eu continuava uma simples amante e mesmo assim deixei-me cair nos seus braços. 

Eu não estava a ser infiel a ninguém. Só ao meu coração. Mais tarde ou mais cedo sei que irei sofrer. Mas por agora... és sempre tu por quem eu espero na pista de dança. Mais ninguém.