Desço o canto mais longínquo que possas imaginar. Desço as escadas e vou para o metro. Vejo milhares de pessoas com diferentes faces, diferentes expressões, umas apressadas e outras com o coração acelerado e outras com a esperança de que a viagem irá ser curta e rápida. Eu só queria entrar e sentir-me numa constante imensidão de calma. Pessoas a entrar e a sentarem-se o mais rápido possível para depois, passados alguns minutos se levantarem. E eu só queria ficar e ir, ver as pessoas a irem e a voltarem sabendo bem que a vida é mesmo assim. Uma constante viragem do tempo que nos deixa suspensos no céu que imersa sobre as ondas do mar. 

Sem pensar e sem agir, as pessoas decidem ir e ficar como querem e como lhes apetece. Por vezes é bom nos sentarmos no metro e vermos pessoas desconhecidas, desconhecidas essas que nos fazem pensar de como o mundo anda em constante movimento, com diferentes cores, diferentes sorrisos e diferentes pensamentos. Podem até estar num mau dia e apenas com o pensamento de se sentarem e olharem diante do vidro à espera de que algo mude. Podem até estar a sorrir, mas logo se nota pela respiração de como está o seu interior.

Neste momento sinto-me com um pouco de sabedoria, um pouco do que o pensamento acertado é feito. Sinto-me destinada a levantar-me e sair na paragem que me desse vontade de sair. E quando saí, novamente reparo que as pessoas entram e saem como querem e lhes apetece, e noto que nunca podemos obrigar ninguém a ficar. Reparamos que a rotina muda até o ser de algumas pessoas e até o coração.. e eu continuo com o meu. A pensar em ti e a pensar em nós, em constante viagem pelo mundo fora como outrora teríamos pensado. Neste momento saí do metro, mas se pudesse voltava lá só por ti. Se estivesses sentado ao lado meu lado eu era capaz de permanecer sem haver ponto de paragem. Mas não lá estás e já saíste, não houve mais vai e vem. E o meu é de ir e se voltar, é com um novo olhar.