Fartei-me da típica nostalgia que ronda a minha alma. O teu silêncio faz com que o meu coração se cale juntamente com as noites frias que me proporcionas enquanto vagueias por outros cantos que não o meu. Ausentaste-te das melodias da nossa história e eu deixei-me perplexa em silêncios escondidos, gotas de saudade a perfurarem cada veia, cada batimento do coração. Guardo em segredo o que sinto, para calar a mente de pensamentos proibidos e sem jeito algum. Olho em meu redor e não sinto um calor do sol, nem um brilho da lua. Refresco-me em canções de amor que acabam com um toque perfeito do piano e um tom grave do cantor em questão. Hoje não pisei as ruas que devia ter pisado com os meus saltos altos que me faziam pequenas bolhas nos pés. Hoje não gritei ao mundo que ia sair da monótona rotina e iria partir para a aventura dos olhares desconhecidos e dos sorrisos constantes dos conhecidos. Hoje permaneci aqui, a escrever cartas sem sentido e sem um remetente em questão. Hoje ando por entre as paredes sem que ninguém conheça o meu nome ou a cor do meu cabelo. Sem companhia e sem refúgio. Minuto em minuto, aparecem luzes de memórias e sorrisos escondidos que resolvo fechar os olhos para os reviver mais um bocado, silenciando o frio gélido que ocupa as minhas mãos sem o teu toque. Grito aos sete ventos que não quero permanecer no mesmo lugar que a minha maldita nostalgia mas fico rendida ao chão sem sucesso. 

Foi preciso um simples silêncio teu, para ocupar a janela entreaberta do meu quarto ao qual escapaste sem te despedires, da ultima vez que entraste e acariciaste as minhas bochechas e fizeste com que o perfume do teu pescoço perfura-se o meu nariz e entra-se na memória da minha alma, já quente pelo teu corpo que me aquecia do frio da rua em que nos colávamos sentimentalmente, numa tarde de Sexta feira. 

Não sei se mereço o teu silêncio, ou se é apenas uma ironia do destino. Perfuro o meu pensamento minuto a minuto, só para não deixar os meus olhos em constante afogamento pelo choro habitado pelo teu silêncio. Histórias com capítulos, sem virgulas mas com um ponto final. Consegues lê-lo? Eu nem o consigo descrever. Odeio o facto da minha alma ser carente quando realmente já sabe que mais nenhuma palavra irá sair da tua boca por uns tempos. Que nenhuma chamada irá ser feita sem aviso prévio e que os encontros perto da tua casa, já não vão ser tão frequentes quanto isso. Vou esconder o meu coração, sempre que a minha alma te sentir por perto. A nostalgia vai desaparecer ou até se esconder, quando eu assim o desejar. Já não notas a ingenuidade em mim. Mudei e ainda assim o meu coração mole chora por ficar fraco de vez em quando. É de luas. E nós éramos feitos de um sol quente, mas que agora se encontra dormente.